Resistência antimicrobiana em uroculturas de moradores das Zonas Norte e Nordeste de Porto Alegre

Autores

  • Ricardo Pretto Reolom Prefeitura Municipal de Sapucaia do Sul – Sapucaia do Sul (RS), Brasil. https://orcid.org/0000-0001-7950-6589
  • André Klafke Grupo Hospitalar Conceição – Porto Alegre (RS), Brasil.

DOI:

https://doi.org/10.5712/rbmfc17(44)3067

Palavras-chave:

Infecções Urinárias, Resistência a Medicamentos, Farmacorresistência Bacteriana, Infecções Comunitárias Adquiridas, Escherichia coli

Resumo

Introdução: Infecção urinária é motivo comum de consulta na Atenção Primária, requerendo tratamento empírico. Para a seleção do antimicrobiano, é necessário conhecer o perfil de resistência dos uropatógenos na comunidade. Objetivo: Analisar o perfil de resistência antimicrobiana em uroculturas realizadas em pacientes da Atenção Primária à Saúde do Serviço de Saúde Comunitária do Grupo Hospitalar Conceição, de julho de 2017 a junho de 2019. Métodos: Estudo transversal, observacional e descritivo com uroculturas de pacientes ambulatoriais das Unidades de Saúde do Serviço de Saúde Comunitária do Grupo Hospitalar Conceição, nas Zonas Norte e Nordeste de Porto Alegre, de julho de 2017 a junho de 2019. Os dados das uroculturas foram fornecidos pelo laboratório do Grupo Hospitalar e analisados por meio das proporções, por sexo, micro-organismo e resistência antimicrobiana. Resultados: Encontraram-se 2.000 uroculturas positivas no período, principalmente por Escherichia coli (75,50%), Klebsiella pneumoniae (7,80%), Staphylococcus saprophyticus (4,95%), Enterococcus specie (3,35%) e Proteus mirabilis (2,85%). Entre os antibióticos orais testados, a maior resistência foi para ampicilina (48,95%), seguida por sulfametoxazol+trimetoprima (25,85%), norfloxacino (18,05%), ciprofloxacino (18,00%), amoxicilina+clavulanato (11,05%) e nitrofurantoína (8,60%). Considerando-se apenas E. coli, as resistências foram 47,75% para ampicilina, 29,74% para sulfametoxazol+trimetoprima, 19,74% para norfloxacino e ciprofloxacino, 8,08% para amoxicilina+clavulanato e 1,99% para nitrofurantoína. Conclusões: O perfil de resistência antimicrobiana nas Zonas Norte e Nordeste de Porto Alegre sugere que sejam utilizados para tratamento empírico de infecção do trato urinário nessa localidade nitrofurantoína ou amoxicilina+clavulanato.

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Biografia do Autor

Ricardo Pretto Reolom, Prefeitura Municipal de Sapucaia do Sul – Sapucaia do Sul (RS), Brasil.

Graduado pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Especialização em Medicina de Família e Comunidade pelo Hospital Nossa Senhora da Conceição, na Unidade de Saúde Vila Floresta, com área de atuação em Administração em Saúde pelo Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Trabalha como Médico de Família e Comunidade na ESF Fortuna e Colonial, na cidade de Sapucaia do Sul/RS, desde março de 2020.

André Klafke, Grupo Hospitalar Conceição – Porto Alegre (RS), Brasil.

Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1997), residência médica em Medicina de Família e Comunidade pelo Grupo Hospitalar Conceição (2000), mestrado em Epidemiologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2006) e doutorado em Epidemiologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2013). Atualmente é médico de família e comunidade do Grupo Hospitalar Conceição (desde 2003) e professor do Programa de Pós-Graduação em Avaliação de Tecnologias para o SUS do Grupo Hospitalar Conceição (desde 2014). Foi preceptor do programa de residência médica em Medicina de Família e Comunidade do Grupo Hospitalar Conceição de 2006 a 2021.

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Publicado

2022-04-30

Como Citar

1.
Reolom RP, Klafke A. Resistência antimicrobiana em uroculturas de moradores das Zonas Norte e Nordeste de Porto Alegre. Rev Bras Med Fam Comunidade [Internet]. 30º de abril de 2022 [citado 19º de abril de 2024];17(44):3067. Disponível em: https://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/3067

Edição

Seção

Artigos de Pesquisa

Plaudit